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terça-feira, 26 de maio de 2015

Inovação antiga

Hoje saí para trabalhar. Parece comum mas não é. Especialmente depois do período de internação que atravessei. Havia assumido compromisso de participar do RIO RETAIL DESIGN no Centro Empresarial na Praia de Botafogo. Aprendi muito cedo que 'compromisso é dívida' e eu não gosto de ficar devendo. Léo Queiroz, organizador de eventos, me convenceu a participar.
Meu filho me levou até lá. Fui sem as muletas (cometi essa loucura) munido do meu sketchbook, lápis, aquarela, muita expectativa e um bocado de medo.
Na véspera combinei que não teria saúde para fazer um painel, percebi que poderia até mesmo deixar de ir e que 'valeria qualquer coisa'. Pensei um bocado e resolvi 'brincar de trabalhar'. Saí disposto a aprender essa dimensão de design totalmente nova e que compartilharia minhas anotações. É claro que pensei no risco. Se não gostarem nunca mais serei convidado mas não poderia, nessas condições fazer muito. Não queria 'deixar furo'. Pensei, ponderei e resolvi o óbvio - como é difícil encarar o óbvio - vou ser honesto.
Fiquei fascinado com as palestras, a formatação do evento e o desvendar de um mundo novo. Sentei junto com a plateia e danei a desenhar. Cada palestra durou ceca de vinte minutos. Saiu e deu certo.
Na realidade o trabalho só funcionou porque o pessoal da edição de imagens deu show. Eles filmaram, fotografaram e, no final do debate, projetaram as imagens que fui produzindo ao longo do evento.
Valeu pelo aprendizado e pela valorização de uma 'brincadeira' tão comum para mim. As caricaturas, é claro, não ficam tão fieis como se o palestrantes estivesse estáticos, posando. Tudo é rápido, dinâmico e agitado.
Não poucas vezes anoto esboço de sermões, faço desenhos no momento do culto dominical mas 'transformar isso em trabalho' é novidade. Gostei da experiência e estou pensando seriamente em aperfeiçoar a 'inovação antiga'.

Os desenhos foram feitos com caneta esferográfica azul
e um pouco de aquarela e lápis de cor sobre papel reciclado 230g


Tive a honra de participar do Rio Retail Design. Palestra claríssima direta e estimulante.

Palestra intrigante e desafiadora.


Palestra muito interessante desvendando a realidade do mercado.

Rio Retail Design é um evento (este foi apenas o primeiro) voltado para o
varejista e para a indústria. Hora do debate. Super enriquecedor.


sexta-feira, 15 de maio de 2015

Giro Narcísico - é impossível ser feliz sozinho

Estive quatorze dias internado sem internet, sem tv, e até mesmo sem desenhar. Obrigatoriamente tive que conviver comigo (como é isso?) e refletir, repetir o que está decorado e ainda lembrar de tantos conceitos que me afetam. Fui, durante este período, cercado de carinho, inundado de afeto e, quando terminavam as visitas, lembrei do texto de Paulo: 'Ninguém vive para si mesmo'. Creio que o raciocínio é o mesmo encontrado na letra de Tom Jobim, '...fundamental é mesmo amor, é impossível ser feliz sozinho'.
Gosto de músicas e também de histórias. Talvez por isso seja  tão bom lembrar de histórias mitológicas. Os mitos nos ensinam a essência da vida e estão cercados de simbolismo. Infelizmente nossa sociedade aprendeu a rotular o que é mitológico a `historinha sem valor`.

Em contraste com o que ocorreu comigo lembrei de Narciso.
Segundo Ovídio, Narciso era um rapaz plenamente dotado de beleza. Seus pais Céfiso, o deus do rio, e sua mãe, a ninfa Liríope, foram consultar o oráculo Tirésias para saber o destino do menino. Tirésias profetizou que o belo menino teria uma vida longa desde que nunca visse seu próprio rosto.
Narciso cresceu cheio de beleza, orgulho e arrogância. Todos à sua volta eram desprezados e este comportamento fez com que as ninfas suplicassem a vingança de Afrodite. A deusa condenou-o a sentir o gosto do desprezo e, além disso, nunca tocar o ser amado. Narciso, todo mundo sabe da história, parou diante de um riacho de águas tranquilas e acabou apaixonando-se por seu reflexo. Não conseguiu tocar o reflexo e terminou morrendo encantado por sua própria beleza. Depois de morto, transformou-se na flor que leva seu nome.
Narciso vem de 'NARKE', donde ver narcótico e daí surge entorpecente.
Narciso não consegue ir além de si mesmo. É impossível entender-se sem a experiência com o outro, especialmente o 'totalmente outro'.
Será que estamos todos fazendo o tal 'giro narcísico' como o professor Guilherme de Carvalho ensinou?
É preciso observar como nossa sociedade ama um 'selfie'. Aprendi que esta palavra é um neologismo com origem no termo self-portrait, que significa autorretrato.

sketchbook caneta bic e lápis de cor

quarta-feira, 6 de maio de 2015

Está tudo conectado

O coração bate no peito.
Quem sente esta bomba pulsar em outro lugar tem dor.
A gente pode até tentar colocá-lo de volta mas ele insistirá em pulsar lá no lugar da dor.
A dor... essa danada denuncia a limitação humana e logo revela fragilidade.
Não somos apenas limitados, somos igualmente frágeis.
Com o coração fora do lugar o que fica é ausência.
Este vazio pode ser preenchido, pelo menos momentaneamente, de várias maneiras.
A primeira ação quem vem à mente,o primeiro verbo conjugado é sofrer.
Em tempos de dor, com os dos sentimentos fora de lugar, é recomendável tentar utilizar a razão.
É o que a fé ensina. "Eu SEI em quem tenho crido", ou "quero trazer à LEMBRANÇA..."
Lembrei ter aprendido que sofrer é verbo e que 'verbo só se efetiva quando é conjugado".
Decidi atravessar esse vazio, essa dor, conjugando outros verbos:
Parar, acreditar, amar, agradecer, confiar, esperar, reagir, perdoar, observar, calar...
No corpo, não se iluda, está tudo conectado.
Se dói ali você não consegue 'deletar' e sentir aqui.
"Vou operar o joelho, não a mão!"
Foi o argumento que utilizei antes da infecção.
Tolo. Tudo está muito ligado, tudo conectado.

Foram 14 dias internado. Sem internet, sem TV e, não poucas vezes, parar e 'sossegar' (foi a justificativa utilizada pelos auxiliares de enfermagem) sem desenhar. O acesso venal para os remédios eram feitos no braço e na mão direita. Que oportunidade extraordinária para colocar o importante à frente do urgente!