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sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

Você 'tem que'...

Não gosto de receber ordens.
Respeito hierarquia e aprendi a me colocar no meu lugar.
Em alguns momentos da vida respeitei sem questionar e, nesse caso, sofria sozinho.
Disciplina. Caráter. Palavra honrada. Ordem.
Profissionalmente sempre fui submisso por respeito às estruturas.
Vivi mais de duas décadas recebendo ordens e avaliações que, sem dúvida, foram moldando meu caráter e, em alguns casos, me ensinando a ser mais eclético.' Forçava a barra' para atender aos pedidos que ouvia como imposição. Naquela perspectiva, era uma questão de sobrevivência. Só que esta postura pacífica e escravizante estavam, na verdade, me corroendo a alma. Nada disso que descrevi combina com arte, desenho e ilustração, não é mesmo? Acredite este era o meu trabalho profissional. Percebi que estava me destruindo. Não tinha mais prazer em rabiscar e me ocupava mais com a administração das datas - tempo em que chefiava o setor de artes. Foi nesse período de marasmo na produção que descobri o sketchbook. O nome aguçou minha curiosidade e percebi que havia um espaço para eu ser eu mesmo, sem deixar de lado minhas responsabilidades financeiras.
Comecei a dar ordens.
Respeitei a hierarquia - sou meu próprio chefe. Achei o meu lugar.
Continuo sofrendo sozinho mas dou valor à dúvida, à investigação.
Mais do que nunca é preciso disciplina. Caráter é o que a gente faz mesmo que ninguém esteja vendo ou cobrando. Palavra honrada, neste caso, é ser o que diz ser. Ordem tem dupla função. Cumprir uma tarefa e também organização.
Isto me faz acordar e pensar no que vou 'inventar' hoje ou, tenho que dar conta do que falei.
Foi o que acabei de fazer neste dia 27 de janeiro. Me impus a tarefa - independente da correria da empresa - de rabiscar temas bíblicos por 30 dias seguidos. Amei fazer isso. Em alguns dias não dei conta da empreitada em outros fiz mais de um desenho. Tudo isso tive que administrar de forma dura para cumprir meu compromisso. Não me comprometi com nenhuma pessoa. Meu compromisso é comigo mesmo. Tenho que assumir que em alguns momentos sou 'cruel comigo'. Eu e minha boca grande...



O homem bom tira coisas boas do bom tesouro que está em seu coração, e o homem mau tira coisas más do mal que está em seu coração, porque a sua boca fala do que está cheio o coração".Lucas 6:45

domingo, 14 de agosto de 2016

Cura ou loucura?

Houve um tempo em que eu ficava muito impressionado com a profusão de temas que um artista desenvolve. Vi a 'compulsão' de um Van Gogh em produzir pinturas do campo e a morte tão precoce. Toulouse e Caravaggio que não chegaram aos quarenta anos, e produziram uma coleção vastíssima. E o Egon Schiele que morreu aos vinte e oito anos? Todos eles com uma produção e uma carreira ímpar. Mas, o que fez Van Gogh 'escolher' pintar suas paisagens? Egon, Toulouse registrarem, de forma tão sensual, 'suas mulheres'? E o que dizer da perspectiva tão próxima do humano, tão 'pé no chão', de um Caravaggio?
Já me perguntei diversas vezes: O que motivou essa gente a fazer o que faziam, de forma tão intensa e apaixonada? Tive oportunidade, de forma infantil, de perguntar a alguns artistas: por que você escolheu este tema? E a resposta, ainda que um pouco difusa, era: 'isso é o que me afeta'.
Encontrei, para consolo de minha reflexão, alguns argumentos. Reflexões muito minhas e argumentos livres muito, muito pessoais.
Em primeiro lugar creio que estes artistas eram apaixonados. Apaixonados pela arte, apaixonados pela vida. A palavra paixão vem do latim 'passione'. Ato de suportar, de sofrer. O paralelo disso, na língua grega é o 'pathos', donde vem patologia. Sendo assim, creio que a paixão desses artistas era uma 'droga'. A droga donde que pode surgir cura ou trazer doença.
Entendo também que, para quem está 'movido pela paixão', não há, como pensava anteriormente, 'profusão de temas'. Eles são monotemáticos ou, pelo menos, focados em 'fases', em períodos de vida.
Outra observação que faço é que suas 'melhores obras' estavam livres. Livres das amarras e imposições éticas -  leia-se contratos - e financeiras - entenda como medo do amanhã.
Por que afinal resolvi escrever sobre isso? O que está me incomodando?
A resposta é simples. Paixão.
Estou, mesmo depois de velho, vivendo este momento de paixão. Não tenho dificuldade com os temas e, ao contrário disso, quero desvendar novos mistérios. Mistérios relacionados à produção de textos, aquarela, desenho...
Fundamental agora - pensar nisso é o primeiro passo - é me dar o direito de expressão. Quero deixar registrado que o desafio é aceitar a limitação e viver a 'paixão pela vida'. A minha vida, o que me envolve, o que me comove, o que me encanta e, até mesmo o desencanto. A arte desses 'mitos' é a vida deles. Menos técnica - ela é 'só' um meio e não um fim -  e mais respeito à sua história, seus valores, seus amores e desamores. Quem sabe este seja o caminho da cura? Ou será da loucura?

Skechbook Aquacenter - enquanto espero a hidroterapia da Marilia

segunda-feira, 11 de julho de 2016

Eu, Prometeu e Frankenstein

Frankenstein é um romance escrito por Mary Sheller em 1816 . Uma britânica que tinha apenas dezenove anos quando registrou este drama humano utilizando um terror gótico. Nunca fui simpático a romance e muito menos ao gênero de terror. Stephen Ling, aclamado autor desse tipo de literatura, relaciona três grandes pilares da literatura de terror: Drácula, Dr Jakyll e Hyde e Frankenstein. Tenho que confessar que não foi isso que me impulsionou a escrever e fazer o 'rabisco' que publico aqui. O que me causou espanto foi saber que o título original do livro é Frankenstein ou o moderno Prometeu'. Prometeu, já publiquei aqui, me encanta. A história mitológica tem intima relação com as artes e, de uma forma geral, com a humanidade. Sendo assim, tentei entender a relação do título origina com a história da Mitologia grega.
Descobri que foi a tentativa de se igualar a um poder supremo que fez com que ambos, Frankenstein e Prometeu sofressem punição interna e eterna. Voltando um pouco, antes da história mitológica da Grécia antiga, o primeiro livro das Escrituras denuncia esse mesmo desejo que abraça Prometeu e Franlenstein. É o 'pecado original' descrito no Gênesis. Queremos ser deuses. Desejamos o controle absoluto. O poder total é a nossa ambição primeira. Ainda que tenhamos algum conhecimento e a imagem divina esteja impressa em nós, isso não basta. Seguir esta sedução é estar mergulhado na 'queda'. É duro mas precisamos admitir que somos limitados. Olhar para o espelho interior e encarar isso. Interessante mesmo é perceber que justamente a finitude e a limitação é o que nos torna humanos. Esta 'marra' que nos afasta de Deus nos presenteou com a angústia. Angústia de Prometeu, angústia de Frankenstein, minha angústia.


Ele fez tudo apropriado a seu tempo. 
Também pôs no coração do homem o anseio pela eternidade;
 mesmo assim este não consegue compreender inteiramente 
o que Deus fez.


sexta-feira, 1 de julho de 2016

Olhai as aves do céu.

'A repetição tem como sentido alimentar o que esperamos e nem sempre conseguimos nomear. Quando repetimos colocamo-nos em prontidão".
Optei por reproduzir e reler para apreender o que já foi dominado por outro artista. A sensação que tenho é que estou como uma criança que, na areia da praia, tenta seguir as pegadas o pai.

As aquarelas de Tilen Ti logo me encheram os olhos e hipnotizaram nessa sua liberdade expressiva, denunciada pelas suas manchas. Ele é da Malásia e estudou na Saito Academy of Art. É impossível 'copiar' este estilo e, por isso mesmo, faço releituras sonhando alçar voos independentes.

'Olhai as aves do céu...", orientou o mestre.

Papel Canson - Grain Fin, 300g. Formato 20x28cm




quarta-feira, 29 de junho de 2016

A caminhada se faz com o pé na estrada e cabeça no lugar - Aquarela

Destaquei estes dois momentos de exercícios para mostrar, por experiência própria, que quem deseja se 'aventurar' no mundo da pintura não pode ficar apenas com a informação teórica. É imperativo praticar. Sei que toda teoria é fruto de uma prática. A prática catalogada, e aceita como realidade, vira teoria. E daí? Daí que é exatamente por isso que a mina prática deve ser construída com o diálogo entre a teoria clássica (experiencia de quem já experimentou) e o exercício. Percebo também que algumas afirmações podem encontrar, maior ou menor resistência, por conta dos vícios adquiridos. No meu caso, não poucas vezes, usei as cores a partir de paletas pre-determinadas pela impressão gráfica. Depois que concluí o quarto execício, decidi me exercitar, neste primeiro momento, reproduzindo aquarelas e não fotografias. Fiz isso porque percebi que existe um abismo entre tentar reproduzir uma aquarela e uma fotografia.



 Aprender a olhar também é um exercício.
Aquarelas, como as que apresentei acima, são interpretações. Reproduzi-las é tentar 'desvendar' o caminho do artista. Tenho consciência de que a fotografia deve ser usada como referência. Sei também que uma pintura não é uma cópia do real, mas um olhar sobre a realidade. Também já entendo que o próprio enquadramento fotográfico é um 'recorte' da realidade e que o ideal é o Plein Air., mas isso é um caminhada. Os exercícios que apresento abaixo, que foram os primeiros, tentei reproduzir fotografias mas a falta de domínio técnico, fez com que as figuras ficassem 'duras' e as manchas do fundo sem emoção.




Além disso tudo, foi catalogando as imagens que percebi, que o exercício deve ser transformado em prazer. Cumprir uma 'tarefa' sem enfrentar os desafios que a técnica exige é desvalorizar a vida.

segunda-feira, 27 de junho de 2016

Reflexão sobre disciplina e exercícios

Poucas vezes me perguntei porque o exercício físico é bom para o corpo mas lembro muito bem, que fiz isso inúmeras vezes diante dos 'famigerados' exercícios matemáticos, que naturalmente a gente faz na escola. Para mim é muito claro que isso ocorreu porque não gosto, nem um pouco, de matemática. Interessante é gostar do exercício físico mas não ser seduzido pelo ambiente de uma 'academia'.
O que chamamos de 'academia', curiosamente estava ligado à reuniões filosóficas num jardim. Assim reuniões de grupos específicos carregam o rótulo de academia. A academia que não me atrai é a academia de ginástica. Talvez por gostar da atividade física mas não ter o corpo esculpido como as estátuas gregas. (kkk) Uma academia de ginástica é mesmo um espetáculo de belezas 'da carne' e eu me recolho à minha insignificância. Mas, neste universo atlético, nada é tão impactante quanto o desempenho de um atleta, a excelência muscular específica de cada modalidade, numa olimpíada.
Penso mais ou menos a mesma coisa quando acompanho debates acadêmicos promovidas em universidades. Fico fascinado com tamanha eloquência, conhecimento, profundidade e conexões que novamente nutro sentimentos de reduzidíssima capacidade intelectual. Volto, de encontros como estes, bombardeado de tantas informações e penso: como o ser humano é capaz de elaborar tantas alternativas e pensamentos! Confesso que isso também me encanta.
Gosto de me exercitar, gosto de ler, gosto de inventar, gosto muito de desenhar mas nada para ser comparado a excelência que se encontra numa dessas academias. Meus exercícios estão muito mais próximos de quem gosta de fazer comida ou arrumar a casa - há quem goste - e sente prazer ao executar estas tarefas.

Estou adquirindo o gosto de pintar. Afirmo desta maneira direta para me convencer do que quero e, ao dizer, transformo minhas palavras em compromisso. Desculpe, cada pessoa é de um jeito e, para mim, e esse tipo de autodisciplina imposta, transforma-se em desfio interior. Este compartilhamento em forma de texto me ajuda a organizar pensamentos e sentimentos.
Exercitar o corpo é natural do ser humano. Não fomos feitos para ficar sentados numa cadeira o dia inteiro. Temos capacidade de andar e andamos muito, muito pouco. Podemos movimentar nosso corpo de várias formas e, por não fazer isso, 'enferrujamos'. Enferrujamos também nossa mente quando deixamos de lado a leitura, a reflexão, o conhecimento. E o que dizer de quem se diz apaixonado por desenho e não desenha? Você conhece alguém assim? Afinal, do que você gosta? Você é o que você faz! Se isto é verdade, o que você anda fazendo? Foi a pergunta que fiz diante do espelho quando estes pensamentos vieram, hoje cedo, como um turbilhão. Isso me ajudou a começar a organizar os exercícios de disciplina que comecei a fazer. Já são dez salmos reescritos e eu me surpreendo com isso. Uma semana inteira separando um tempinho para exercitar a aquarela e já estou excitado.
Que tal começar a definir o que você faz, independente de remuneração, para descobrir quem você é ou o que você ama. É preciso refletir sobre o que disse Jesus, o grande mestre:
'Seu coração sempre está no que é tesouro para você'.


sexta-feira, 24 de junho de 2016

Disciplina é coisa de artista

'Se você é artista, me mostre suas artes."
Foi o que ouvi do meu chefe na primeira semana de trabalho, depois que troquei o meu primeiro emprego em busca de realização financeira. Deixei para trás oito anos de JUERP, onde ilustrava cinco revistas trimestrais para estudos bíblicos, para receber financeiramente mais que o dobro fazendo past-up (diagramação manual de artes gráficas) na ELEÁ - editora de revistas médicas. Depois deste incômodo desafio e dúvida, reuni algumas revistas impressas, uns desenhos inacabados e levei para mostrar. O 'chefe' foi legal, me elogiou e deixou claro que não foi contratado para fazer 'desenhosinhos de igreja'. Continuei com a 'pose' de artista mas nunca esqueci as palavras do Claudio, meu chefe - "se você é artista, mostre suas artes" - que mais tarde, veio a ser um amigo-conselheiro, incentivador de minha formação.
Ouvi milhares de vezes - e isso não é força de expressão - que 'artista é assim mesmo...', sempre dando a ideia de que artista é despreocupado, irresponsável, desconectado do mundo que o cerca. Infelizmente, essa falsa ideia propaga uma mentira e reduz, em muito, nossa capacidade. Quem nunca ouviu ou falou 'esse cara tem muito talento", quando testemunha alguma expressão artística.
Depois de 'coroa', ainda apaixonado pela arte,mas consciente de que sabe pouco desse universo artístico, acho que posso afirmar, por experiência de caminhada, que DISCIPLINA É QUALIDADE DE ARTISTA.
É inegável que o artista é 'movidos pela paixão', mas não dá para ser artista sem ser artesão.
Como sustentar um discurso de amor pela arte, pelo desenho, pela música, pintura ou qualquer outro elemento do universo das artes sem comprometimento com a disciplina? Sem ela" não vamos até à esquina". Quem se propõe a tocar um instrumento, tem que tocar. Quem diz que gosta de desenhar tem que desenhar - sempre. E não há desculpas para quem realmente é apaixonado.
Não há um curso que eu tenha feito - duvido que você também não tenha experimentado isso - em que o professor não tenha deixado claro que é a tarefa, o fazer, a caminhada, o exercício que nos apresentará a excelência.
Isso não é um discurso. Isso é uma reflexão. Quando escrevo, organizo os pedaços soltos na 'caixola' e falo, primeiro para mim mesmo, até porque duvido muito que alguém se importe com minhas elucubrações.



Meu compromisso:
Um versículo dos Salmos - https://www.facebook.com/cafeebiblia/;
Um exercício em aquarela;
Um rabisco no sketchbook.